Dados do Trabalho


Título

COMPLICAÇÕES DA RADIOTERAPIA PÉLVICA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO: UM RELATO DE CASO

Introdução

O câncer do colo do útero representa a quarta neoplasia maligna mais prevalente entre as mulheres, tendo como principal fator de risco a infecção pelo papilomavírus humano (HPV) de alto risco oncogênico. O carcinoma invasivo geralmente surge após a progressão de neoplasias intraepiteliais cervicais escamosas (NIC). As NICs são classificadas de acordo com o grau de anormalidade do epitélio. A NIC1 indica uma infecção ativa por HPV e é considerada uma lesão de baixo grau. A NIC2, embora considerada uma lesão de alto grau, apresenta remissão espontânea em cerca de 40% dos casos. Já a NIC3 possui as maiores chances de progressão para carcinoma, sendo universalmente tratada. O tratamento do carcinoma de células escamosas invasivo local se baseia em um combinado de quimiorradioterapia e braquiterapia. Nesse estudo, ressalta-se as possíveis complicações decorrentes da radioterapia (RDT) pélvica através de um relato de caso.

Objetivo

Relatar as complicações decorrentes da radioterapia pélvica para o tratamento do câncer de colo do útero.

Casuística

Paciente feminina, 39 anos, diagnosticada com câncer de colo de útero desenvolvendo complicações decorrentes da RDT pélvica.

Método

Relato de caso baseado em informações constadas no prontuário da paciente e autorizado pela mesma.

Resultados

Em março de 2021, a paciente foi diagnosticada com lesão intraepitelial de alto grau (NIC 3) por meio de análise histopatológica. Em maio, foi submetida a uma traquelectomia, que revelou a presença de carcinoma de células escamosas invasivo, altamente diferenciado, além de uma neoplasia in situ com uma profundidade de 0,7 mm. Após esse procedimento, foi encaminhada para tratamento, que incluiu quimioterapia, sessões de RDT pélvica e braquiterapia. Em março de 2022, foi realizada uma biópsia de sigmoide devido a alterações observadas na ressonância magnética, revelando a presença de adenocarcinoma moderadamente diferenciado. Em seguida, foi submetida a uma retossigmoidectomia com linfadenectomia retroperitoneal, cuja análise das lâminas não evidenciou a presença de neoplasia, apenas de radionecrose. Em dezembro de 2022, foi submetida a uma cirurgia para reconfecção do trânsito intestinal, com entero-entero anastomose, concluindo que o achado era efeito da RDT. Após a RDT, ela desenvolveu complicações como cistite actínica com bexiga espástica, evoluindo para hidronefrose e necessitando de nefrostomia bilateral, seguida pela realização de uma confecção de bricker.

Conclusões

Baseado no relato, podemos concluir que o uso dessa modalidade terapêutica está ligado a desafios e efeitos adversos significativos, tanto agudos, como mucosite, diarreia, cistite e proctite, quanto crônicos, como fibrose e estenose do trato gastrointestinal ou geniturinário. Além disso, amplia o risco de cânceres secundários em longo prazo, embora os benefícios do tratamento supere esse risco. Tais reações costumam ocorrer em 3 a 5% das pacientes com doença inicial e em cerca de 10 a 15% das pacientes com enfermidade avançada. Vale ressaltar que a gravidade e a incidência dessas complicações podem variar de acordo com a dose de radiação, o volume do tecido irradiado, a técnica de radioterapia utilizada e a resposta individual do paciente ao tratamento.

Referências

FITZ, Fátima Faní et al. Impacto do tratamento do câncer de colo uterino no assoalho pélvico. Femina, p. 387-393, 2011.

Rastreio, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. - São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2017.

Cibula, D., et al. (2018). The European Society of Gynaecological Oncology/European Society for Radiotherapy and Oncology/European Society of Pathology Guidelines for the Management of Patients With Cervical Cancer. International Journal of Gynecological Cancer, 28(4), 641–655. DOI: 10.1097/IGC.0000000000001216

Palavras Chave

Radioterapia pélvica; tratamento; câncer de colo de útero; complicações.

Área

Tumores do colo uterino e patologia do trato genital inferior

Autores

Victoria Valentina Ferreira Costa, Lourraine Passos Holanda, Natália Helena Valleta