Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO HISTÓRICA DOS DIAGNÓSTICOS HISTOPATOLÓGICOS DE LESÕES MALIGNAS DE COLO UTERINO NO PERÍODO DE 2013 A 2023 NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Introdução

O Câncer de colo uterino, no Brasil, é a terceira neoplasia maligna mais frequente na população feminina e o primeiro pélvico ginecológico. Nos países em desenvolvimento, o rastreio precário, a falta de campanhas de conscientização para um diagnóstico precoce e taxas de vacinação que não atingem as metas propostas contribuem para que 85% dos novos casos de neoplasia e 90% das mortes devido a doença no mundo aconteçam nesses países. Sendo assim, entender o problema social e econômico que o diagnostico tardio traz à população e aos cofres públicos é fundamental, almejando intervenções cabíveis que visam mitigar os danos causados pela doença.

Objetivo

Avaliar a incidência de diagnósticos de lesões malignas de colo uterino nos últimos dez anos no Rio de Janeiro.

Casuística

Não se aplica.

Método

Estudo descritivo e retrospectivo sobre o estudo histopatológico de lesões malignas no colo uterino no Estado do Rio de Janeiro. Os dados foram obtidos pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), pela ferramenta TABNET e SISCAN (Sistema de Informações de Câncer). As variáveis utilizadas foram anos de competência, município, faixa etária e resultado de histopatológico de lesão maligna. Para essa pesquisa não foi necessário aprovação do Comitê de Ética, pois trata-se de um estudo de banco de dados público.

Resultados

A partir dos dados analisados, constatou-se que no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2013 a 2023, em torno de 1.438 peças de lesões de colo uterino malignas foram estudadas. A faixa etária predominante das pacientes analisadas foi entre 30 a 59 anos, equivalente a 75,3% do total. A carcinoma in situ (NIC III) representou o valor de 1.038 exemplares de constatação histopatológica, correspondendo a 72,1 % do total de casos analisados. O resultado registrado de neoplasia epidermoide equivale a 213 das amostras observadas, representando 14,8 % do total de casos. A observação de adenocarcinoma in situ foi representada por uma pequena parcela de 24 casos, enquanto que as amostras confirmadas como adenocarcinoma invasivo totalizaram 45 peças - correspondendo a 3,12 % do montante. Diagnósticos inscritos em outras neoplasias totalizaram 118 das amostras classificadas na plataforma do SISCAN, equivalente a 8,2% de todos os exemplares analisados.

Conclusões

Os resultados dos dados analisados mostram que o subtipo histopatológico de neoplasia de colo uterino mais prevalente entre 2013 a 2023 no estado do Rio de Janeiro foi o carcinoma in situ (NIC III), uma lesão pré-maligna não invasiva. Os dados obtidos são relevantes para entender o momento em que diagnóstico da neoplasia cervical está acontecendo, norteando a classe médica no estadiamento da paciente e na decisão do tratamento mais adequado. Além disso, a análise mostra a importância do diagnóstico precoce, visto que aproximadamente 40% das lesões NIC III em pacientes com mais de 25 anos evolui para câncer cervical. Logo, o reforço das campanhas de vacinação para HPV é imprescindível, sendo o principal fator de risco da doença, presente em 99,7% das pacientes com câncer de colo uterino, além disso, o acompanhamento ginecológico é fundamental para o diagnóstico precoce e rastreio adequado.

Referências

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Incidência de câncer no Brasil [Internet]. Rio de Janeiro: INCA; 2021 [Acesso em 21 abr. 2024]. Disponível em:https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.pdf
Ferlay J, Ervik M, Lam F, Colombet M, Mery L, Piñeros M, et al. Cancer today [Internet]. Global Cancer Observatory: Cancer Today. Lyon: International Agency for Research on Cancer; 2020 [Acesso em 21 abr. 2024]. Disponível em: http://gco.iarc.fr/today/
WRIGHT, J. D. et al. Cervical intraepithelial neoplasia: Management. Up to Date, mar. 2024.
WALBOOMERS, J. M. M. et al. Human papillomavirus is a necessary cause of invasive cervical cancer worldwide. The Journal of Pathology, v. 189, n. 1, p. 12–19, set. 1999.

Palavras Chave

Câncer; Colo uterino; Diagnóstico; Neoplasias Ginecológicas; Histopatologia.

Área

Tumores do colo uterino e patologia do trato genital inferior

Instituições

Universidade de Passo Fundo - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Felipe Brum Rodighero, Júlhia Spuldaro Rabuske, Giovana Scussel, Arthur Francisco Won Muhlen , Eduarda Alberti Lopes da Silva , André Doneda, Eduarda Roani Baptista