Dados do Trabalho


Título

MANEJO CIRÚRGICO DO TUMOR DE CÉLULAS DA GRANULOSA OVARIANO: EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL ONCOLÓGICO DO RIO DE JANEIRO

Introdução

Os tumores de células da granulosa (TCG) são neoplasias ovarianas raras e constituem subtipo histológico mais comum dentre os tumores do estroma e cordão sexual, com prevalência em torno de 70%. A terapia de 1ª linha atualmente é a ressecção tumoral completa, não havendo consenso sobre a indicação da cirurgia estadiadora versus a cirurgia diagnóstica, assim como a indicação de linfadenectomia.

Objetivo

Analisar o perfil cirúrgico do tratamento dos TCG e seu impacto na sobrevida da amostra.

Casuística

84 pacientes com o diagnóstico de TCG tratadas em hospital oncológico no Rio de Janeiro.

Método

Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, com pacientes com diagnóstico de TCG tratadas em hospital oncológico no Rio de Janeiro entre 2005 e 2015. A coleta de dados foi realizada em prontuários eletrônicos e complementada por busca ativa em prontuários físicos. Foram incluídas pacientes que receberam tratamento na instituição, ainda que oriundas de outra, desde que seu diagnóstico anatomopatológico tenha sido confirmado em nosso serviço de anatomia patológica. O estudo foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa sob o CAAE 25977719.3.0000.5274.

Resultados

35,7% das pacientes foram submetidas à cirurgia diagnóstica (salpingooforectomia unilateral) e 64,3% à cirurgia estadiadora (salpingooforectomia bilateral, histerectomia total, omentectomia, lavado peritoneal e ressecção de linfonodos para-aórticos e pélvicos). Dentre o grupo submetido à cirurgia estadiadora, foi realizada linfadenectomia em 66,7% dos casos, com 5,5% de positividade nodal. No grupo submetido ao estadiamento cirúrgico 57,4% apresentavam doença em estágio I, 1,8% em estágio II, 16,7% em estágio III e 16,7% em estágio IV. Foi realizada quimioterapia adjuvante em 27,4% das pacientes, das quais 30,4% se apresentavam no estágio I e 52,2% em estágios avançados (III e IV). A taxa de recidiva foi de 16,6%, sendo os locais de recorrência mais prevalentes cavidade abdominal (50%) e pelve (43%), com média de tempo entre diagnóstico e recidiva de 84,5 meses. A média de sobrevida global foi de 213 meses, com taxa de sobrevida global em 5, 10 e 15 anos de 93,8%, 83,5% e 80,2%, respectivamente.

Conclusões

As altas taxas de sobrevida global corroboram o bom prognóstico dos TCG já estabelecido na literatura. Nossa casuística demostrou baixa taxa de positividade nodal, sugerindo que a linfadenectomia possa ser omitida nos TCG. A quimioterapia adjuvante foi realizada em estágios avançados e tumores volumosos. São necessários mais estudos para avaliar melhor o papel da cirurgia estadiadora, fatores prognósticos e as indicações de tratamento sistêmico.

Palavras Chave

umor de células da granulosa; Neoplasias ovarianas; oncologia cirúrgica; prognóstico.

Área

Tumores do ovário e peritônio

Instituições

Instituto Nacional do Câncer - Rio de Janeiro - Brasil, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Maria Fernanda Grossi Hickmann, Mariana Bastos Rodrigues dos Santos, Shaula Reis de Lima, Salvador Mattos Fortes Neto , Livia Lopes Paes, Claudia Bessa Chaves, José Augusto Bellotti