Dados do Trabalho
Título
TUMOR DE CÉLULAS DA GRANULOSA OVARIANO: EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL ONCOLÓGICO DO RIO DE JANEIRO
Introdução
O tumor de células da granulosa (TCG) é uma neoplasia ovariana rara que frequentemente cursa com aumento da produção de estrogênio e inibina B. Manifesta-se clinicamente aumento do volume abdominal, sangramento uterino anormal, puberdade precoce, hirsutismo e virilização, podendo haver associação com hiperplasia endometrial e até mesmo câncer de endométrio. A cirurgia com ressecção completa do tumor é a terapia de primeira linha, não havendo até o momento consenso sobre quimioterapia.
Objetivo
Analisar as características clínicas, patológicas, tratamentos realizados e as taxas de sobrevida global (SG) em pacientes com TCG.
Casuística
84 pacientes com o diagnóstico de TCG tratadas no serviço de Ginecologia Oncológica de um hospital oncológico do Rio de Janeiro.
Método
Trata-se de uma coorte retrospectiva com análise de dados contidos em prontuários eletrônicos, complementados com busca ativa em prontuários físicos. Critérios de inclusão: paciente com TCG diagnosticadas e tratadas no hospital sede do estudo entre 2005 e 2015. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o CAAE 25977719.3.0000.5274.
Resultados
Em nosso estudo, encontrou-se uma média de idade de 53,2 anos, o tamanho tumoral médio observado foi de 16 cm, 96,4% foi unilateral, 51,2% apresentavam a cápsula íntegra, em 58,3% dos casos o lavado peritoneal foi negativo para malignidade, 53,6% dos casos não apresentaram implantes em peritônio ou omento, sendo apenas 3.5% dos casos classificados como tipo histológico juvenil. Pelo estadiamento FIGO, 57,4% foram diagnosticados no estágio I e 32,1% eram pouco diferenciados (grau III). 64,3% das pacientes foram submetidas à cirurgia estadiadora, enquanto 35,7% foram submetidas apenas à cirurgia diagnóstica. O esquema quimioterápico mais empregado foi a associação de cisplatina com etoposídeo, em 43,4% das pacientes, seguido do esquema BEP, em 30,4% dos casos. A taxa de SG foi de 93,8% em 5 anos e 83,5% em 10 anos.
Conclusões
Os resultados de nossa análise estão alinhados com a literatura, demonstrando que os TCG mais frequentes são do subtipo adulto e se apresentam normalmente como tumores unilaterais e restritos ao ovário no momento do diagnóstico. Tais características são indicativas do bom prognóstico desses tumores, o que se confirma com as taxas de SG, também de acordo com a literatura. Diante da raridade da doença mais estudos tornam-se necessários para a melhor compreensão das características clínicas e opções terapêuticas nos TGC.
Palavras Chave
Neoplasias ovarianas; oncologia cirúrgica; sobrevida.
Área
Tumores do ovário e peritônio
Instituições
Instituto Nacional do Câncer - Rio de Janeiro - Brasil, Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Maria Fernanda Grossi Hickmann, Mariana Bastos Rodrigues dos Santos , Maria Eduarda Braz Ferreira Leão Caldas dos Santos, Paulo Alberto Trindade de Almeida Junior, Lucas Gonçalves Coelho, Gustavo Guitmann , José Augusto Bellotti