Dados do Trabalho


Título

CARCINOMA DE CÉLULAS CLARAS DE OVÁRIO: TRATAMENTO SISTÊMICO E PROGNÓSTICO DE UMA COORTE DE PACIENTES ATENDIDAS EM UM HOSPITAL ONCOLÓGICO NO RIO DE JANEIRO

Introdução

O câncer de ovário é a 8ª neoplasia mais comum no mundo e tem incidência de 6 mil novos casos por ano no Brasil. Dentre os subtipos histológicos dessa patologia está o carcinoma de células claras (CCCO), raro e de pior prognóstico se comparado aos demais, devido à resistência à quimioterapia padrão. Nesse ínterim, a cirurgia é o tratamento de 1ª linha, mas, via de regra, há indicação de quimioterapia adjuvante, já que o CCC tem tendência à recorrência tardia.

Objetivo

Identificar a quantidade de pacientes que foram submetidas a quimioterapia adjuvante, quais esquemas usados e a frequência de recidiva da doença na coorte.

Casuística

39 pacientes com o diagnóstico de CCC de ovário sem associação com outros subtipos histológicos, matriculadas e tratadas no serviço de Ginecologia Oncológica de um hospital oncológico no Rio de Janeiro.

Método

Trata-se de uma coorte retrospectiva. Os dados foram coletados nos prontuários eletrônicos, complementados por busca ativa dos prontuários médicos e organizados em planilha com confidencialidade. Foram incluídas as pacientes atendidas no serviço de Ginecologia Oncológica de um hospital oncológico no período de 2005 a 2015 que tiveram diagnóstico de CCCO submetidas a tratamento cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia e/ou radioterapia e/ou braquiterapia e/ou hormonioterapia. Foram excluídos os casos de CCCO associados a outros tipos histológicos de pior prognóstico; tumores de células claras metastáticos para o ovário; casos com ausência substancial de dados relativos ao tratamento. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número CAAE 19461019.0000.5274.

Resultados

Quimioterapia adjuvante empregando Carboplatina e Taxol foi realizada em 84% dos casos, Carboplatina isolada em 13,5% e a Carboplatina, Taxol, Gemcitabina e Topotecan em 2,5%. Em 5,1%, não obtivemos dados sobre o tipo de quimioterapia utilizada. A recidiva da doença foi identificada em 43.5% dos casos no período do estudo, não ocorrendo em 56.5%. Não identificamos informações sobre recidiva em 41%. Os locais acometidos foram pulmão (5 pacientes), pleura e fígado (2 pacientes cada), coluna vertebral, peritônio, sistema nervoso central, adrenal, pelve e cúpula vaginal (1 paciente cada).

Conclusões

A maior parte de nossas pacientes utilizou a combinação Carboplatina e Paclitaxel, que ainda é a terapia adjuvante mais eficaz para os tumores epiteliais de ovário como o CCCO. Entretanto, outros tratamentos têm sido estudados, como a associação do bevacizumabe com a quimioterapia à base de platina, com melhora da sobrevida livre de progressão em pacientes com CCCO avançado. A recidiva da doença foi negativa na maioria dos casos, sendo o pulmão, a pleura e o fígado os sítios mais prevalentes em nossa coorte. Em contraste, as taxas de recidiva em outros estudos costumam ser altas e os sítios mais comuns são peritônio, retroperitônio e o próprio ovário. Diante da raridade da doença e da pequena dimensão de nossa amostra, mais estudos tornam-se necessários para a melhor compreensão do CCCO em nosso meio.

Palavras Chave

Neoplasias ovarianas; quimioterapia adjuvante; recidiva

Área

Tumores do ovário e peritônio

Instituições

Instituto Nacional do Câncer - Rio de Janeiro - Brasil, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Nathalia Rodrigues da Custódia Rodrigues , Mariana Bastos Rodrigues dos Santos, Shaula Reis de Lima, Salvador de Mattos Fortes Neto, Livia Lopes Paes, Juliana Figueiredo, José Augusto Bellotti