Dados do Trabalho
Título
Cirurgia de debulking videolaparoscópico em paciente com neoplasia de endométrio EC IIIC2ii
Introdução
O câncer de endométrio foi a sétima neoplasia maligna mais comum em mulheres no Brasil no ano de 2023, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), com uma incidência de 7.840 casos novos no país naquele ano¹. Desde 1988 a FIGO (International Federation of Gynecology and Obstetrics) recomenda que essa neoplasia seja estadiada cirurgicamente². Ainda, aproximadamante 3-13% das pacientes com neoplasia de endométrio se apresentarão com doença localmente avançada ao diagnóstico³. A cirurgia citorredutora upfront em pacientes com estadio III e IV deve ser realizada sempre que for possível a obtenção de citorredução completa, sendo o estadiamento cirúrgico o melhor preditor de sobrevida.
Objetivo
Descrever e demonstrar a técnica cirúrgica de debulking videolaparoscópico em paciente com neoplasia de endométrio ECIIIC2ii.
Casuística
O presente trabalho trata-se da demonstração técnica de cirurgia de debulking videolaparoscópico, não se aplicando avaliação de casuística aos dados.
Método
O vídeo objetiva a descrição técnica de cirurgia de debulking videolaparoscópico em paciente com neoplasia de endométrio ECIIIC2ii.
Resultados
Apresentamos o caso de paciente feminina de 65 anos, previamente hipertensa e tabagista, com história de sangramento uterino anormal e dor pélvica há cinco meses. Devido às queixas, realizou propedêutica de investigação clínica, evidenciando em ressonância magnética do abdome uma volumosa massa uterina heterogênea que ocupava toda a cavidade endometrial com invasão maior do que 50% do miométrio, além de linfonodomegalia retroperitoneal e pélvica. Foi submetida então à histeroscopia diagnóstica confirmando os achados suspeitos pela ressonância e cujo anatomopatológico coletado evidenciou um adenocarcinoma endometrioide pouco diferenciado, grau 3. O exame de imunohistoquímico demonstrou ainda perda da expressão de p53. Foi realizado então exame de PET- CT, demonstrando atividade metabólica retroperitoneal para- aórtica abaixo dos vasos renais e na fossa obturadora à esquerda. A paciente foi então submetida à cirurgia de debulking videolaparoscópico com histerectomia total, omentectomia, linfadenectomia pélvica e retroperitoneal videolaparoscópica. A paciente evolui adequadamente no pós-operatório tendo alta em menos de 48h, sem intercorrências. No momento, encontra-se em tratamento adjuvante quimioterápico e radioterápico.
Conclusões
A cirurgia de debulking videolaparoscópico é factível mesmo em casos de linfonodomegalia retroperitoneal extensa, com melhora dos desfechos perioperatórios e recuperação acelerada comparada à via aberta. Ressaltamos que na evidência de carcinomatose peritoneal extensa, nossa via de acesso preferencial ainda é a cirurgia laparotômica.
Conflitos de interesse
Não se aplica
Referências
1. https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros
2. Creasman WT, Morrow CP, Bundy BN, Homesley HD, Graham JE, Heller PB. Surgical pathologic spread patterns of endometrial cancer. A Gynecologic Oncology Group Study. Cancer. 1987 Oct 15;60(8 Suppl):2035-41. doi: 10.1002/1097-0142(19901015)60:8+<2035::aid-cncr2820601515>3.0.co;2-8. PMID: 3652025.
3. Nogueira, A.R. et al. Manual do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos. 1Ed. Belo Horizonte, MG. Coopmed, 2021. Cap 16, pg. 247-257.
Palavras Chave
câncer de endométrio; câncer de útero; cirurgia citorredutora; debulking; videolaparoscopia
Área
Tumores do útero/Endometrio
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Cassio Bona Alves, Rosilene Jara Reis, Patrícia Rossi Peras, Giovanni Luigi Ariza Calvario, Tiago Auatt Paes Remonti