Dados do Trabalho
Título
Manejo da dor em pós-operatório de exenteração pélvica: uma revisão narrativa
Introdução
A exenteração pélvica consiste em um procedimento cirúrgico radical no qual realiza-se a ressecção em bloco de estruturas pélvicas, sendo a única opção potencialmente curativa para algumas neoplasias pélvicas localmente avançadas, com taxa de sobrevida em cinco anos de aproximadamente 50%. Entretanto, sua indicação deve ser criteriosa, tendo em vista a complexidade do procedimento e sua longa recuperação, com uma mortalidade operatória elevada (3 à 5%), necessidade de internação prolongada e risco de complicações graves em até 50% dos casos.
Objetivo
Analisar as estratégias terapêuticas previamente descritas na literatura para o manejo da dor em pós-operatório de exenteração pélvica.
Casuística
O presente trabalhos trata-se de uma revisão de literatura, não se aplicando portanto a análise de casuística de dados.
Método
Trata-se de uma revisão narrativa em que foi realizada uma pesquisa bibliográfica na plataforma PubMed com os seguintes descritores: “Pelvic Exenteration”, “Pain Management” e “Pain”, entre os anos 2014 e 2022. Foram encontrados 56 artigos, e após leitura do título, palavras-chave e resumo, quatro trabalhos foram selecionados. Realizou-se a análise e o fichamento dos artigos utilizados, que consistiram em uma revisão sistemática, um estudo não randomizado, prospectivo e comparativo, uma coorte retrospectiva e um estudo de consenso pela metodologia Delphi.
Resultados
O sintoma da dor está presente em aproximadamente 50% dos pacientes com indicação de exenteração pélvica no período pré-operatório, de modo que em até 90% pode haver persistência da dor no pós-operatório, tanto nos casos com intuito paliativo quanto curativo¹ ². A presença de dor pré-operatória previu resultados adversos de dor pós-operatória, sobretudo em casos que necessitam de ressecção mais ampla, incluindo ressecção óssea². As drogas opióides podem ter sua eficiência comprometida pelo efeito dose-dependência, necessitando de um uso criterioso a fim de não comprometer o manejo da dor pós-operatória³. Desse modo, as opções de analgesia devem ser individualizadas, de acordo com o tipo de abordagem realizada, a presença de estomas ou drenos, o grau de dor prévia e as comorbidades do paciente. Existem evidências Classe I/nível A que sustentam que técnicas regionais eficazes ou lidocaína intravenosa são superiores aos opiáceos intravenosos, quando possíveis de serem aplicadas, assim como a anestesia epidural 4. Além disso, ao se comparar pacientes com indicação do procedimento que foram operados a pacientes que aderiram a outros tratamentos que não a exenteração pélvica, observou-se, que apesar da piora da dor após a cirurgia, houve uma melhora crescente dos níveis de dor nos pacientes submetidos à exenteração pélvica, performando melhor na escore de dor que o outro grupo a partir do sexto mês da cirurgia mostrando um benefício à longo prazo¹.
Conclusões
Há alta incidência de dor pré e pós-operatória na exenteração pélvica e a necessidade de abordagens terapêuticas personalizadas, como técnicas regionais e a redução do uso de opioides intravenosos mostram-se eficazes no manejo da dor pós-operatória.
Conflitos de interesse
Não se aplica
Referências
1. YOUNG, J. M. et al. Quality of life and other patient-reported outcomes following exenteration for pelvic malignancy. British Journal of Surgery, v. 101, n. 3, p. 277–287, 27 jan. 2014.
2. JOHNSTONE, C. S. H. et al. Pain, pain management and related outcomes following pelvic exenteration surgery: a systematic review. Colorectal Disease, v. 25, n. 4, p. 562–572, abr. 2023.
3. LIM, J. S.-Y. et al. The Price We Pay for Radical Curative Pelvic Exenterations: Prevalence and Management of Pain. Diseases of the Colon and Rectum, v. 61, n. 3, p. 314–319, mar. 2018.
4. PELVEX COLLABORATIVE et al. Perioperative management and anaesthetic considerations in pelvic exenterations using Delphi methodology: results from the PelvEx Collaborative. BJS Open, v. 5, n. 1, p. zraa055, 8 jan. 2021.
Palavras Chave
EXENTERAÇÃO PELVICA; câncer de colo de útero; complicações.
Área
Tumores do colo uterino e patologia do trato genital inferior
Autores
Cassio Bona Alves, Igor Casotti de Pádua, Milena Salvador Martins, Isabela Alicia Fink, Bernardo do Nascimento Pitthan, Rosilene Jara Reis, Tiago Auatt Paes Remonti