Dados do Trabalho
Título
Câncer de mama associado à gestação: impactos no diagnóstico e no tratamento
Introdução
O câncer de mama associado à gestação é uma neoplasia maligna que se desenvolve nas mamas durante ou até um ano após a gravidez. Apresenta uma baixa prevalência, acometendo cerca de 1 a cada 3000 gestantes, porém é o câncer que ocorre com maior frequência em mulheres grávidas. Nos últimos anos observou-se um aumento das gestações tardias, após a terceira década de vida, sendo a idade avançada um fator de risco para o surgimento de neoplasias mamárias. As adversidades diagnósticas estão relacionadas ao aumento de tecido mamário na gravidez, dificultando a interpretação de exames físicos e de imagem, o que corrobora para um diagnóstico tardio e com pior prognóstico. Já em relação ao tratamento, a maior preocupação é associada às possíveis complicações fetais, necessitando de terapias que priorizem tanto a saúde da mulher quanto do feto.
Objetivo
Elucidar os principais impactos diagnósticos e terapêuticos encontrados em mulheres com câncer de mama associados à gestação
Casuística
Não se aplica.
Método
Foi feita uma revisão de literatura com artigos publicados nos últimos 5 anos, buscados na plataforma de dados PUBMED.
Resultados
O câncer de mama na gestação está relacionado aos mecanismos ativados ao longo da gravidez, muitos dos quais são semelhantes aos da carcinogênese, como a elevada proliferação celular, com consequente crescimento das glândulas mamárias. Essas alterações fisiológicas são responsáveis pelo atraso no diagnóstico, uma vez que dificultam tanto a identificação dos critérios que levam à suspeita de carcinoma quanto a interpretação dos achados nos exames físicos e de imagem. Além disso, devido ao risco de consequências para o desenvolvimento fetal, são priorizados exames de imagem sem radiação ionizante, sendo a ultrassonografia mamária o exame de escolha, aliada à biópsia. Como há o diagnóstico tardio, tem-se estágios mais avançados da doença, o que influencia no tratamento, definido a partir da idade gestacional, da gravidade e do risco materno-fetal. A quimioterapia pode ser feita a partir do primeiro trimestre da gestação e a cirurgia mamária pode ser realizada em qualquer trimestre, contudo a radioterapia e a reconstrução mamária devem ser adiadas para o pós-parto, bem como a terapia hormonal e a direcionada ao HER2. Vale ressaltar que deve ser feito monitoramento do crescimento fetal durante todo o processo.
Conclusões
Apesar de ser considerado raro, o câncer de mama associado à gestação é o mais recorrente entre as gestantes, sendo normalmente diagnosticado quando a doença já está em estágios avançados. Devido às alterações fisiológicas da gestação, que se assemelham às da carcinogênese, seu diagnóstico é difícil e tardio. Além disso, a escolha dos exames e da terapêutica a serem realizados deve ser feita com cautela, haja vista as possíveis consequências à saúde e desenvolvimento do feto. Dessa forma, faz-se fundamental o rastreamento de sinais e sintomas ao longo da gravidez para diagnóstico e tratamento precoces, buscando a melhor forma de proporcionar um prognóstico satisfatório e garantir o bem-estar da mulher e do feto.
Conflitos de interesse
Não se aplica.
Referências
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Palavras Chave
Câncer de Mama; Gestação; Diagnóstico tardio; Tratamento.
Área
Tumores da mama
Instituições
Centro Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Laura Dourado Paiva, Saulo Machado de Paiva, Julia Dourado Paiva