Dados do Trabalho
Título
Uso de Inibidor da PARP em tumor maligno de Brenner com mutação no gene BRCA2: Um relato de caso
Introdução
Os tumores de Brenner são neoplasias ovarianas raras compostas por células epiteliais. A maioria é benigno e possui um comportamento indolente, entretanto, uma pequena parcela pode apresentar as formas agressivas. A maior incidência de câncer epitelial invasivo do ovário ocorre por volta dos 60 anos de idade. Apesar de uma grande parcela dos cânceres epiteliais serem esporádicos, 5 a 10% das pacientes apresentam susceptibilidade genética, como por exemplo, mutações da linhagem germinativa nos genes BRCA1 e BRCA2. A American Cancer Society não recomenda o rastreamento de rotina, mas sugere que pacientes com alto risco sejam avaliados.
Objetivo
Relatar o prognóstico de paciente com tumor de Brenner BRCA2 positivo em uso de terapia-alvo, associado a uma revisão de literatura acerca do tema.
Casuística
Paciente idosa em acompanhamento ambulatorial em serviço de Oncologia por tumor de ovário.
Método
Mulher, 75 anos, procurou o serviço de atendimento médico, relatando dor abdominal. Apresentava ascite, baixo peso (39,4kg) e queda do estado geral. Possui histórico familiar de câncer de próstata, fígado e mama. Foi submetida a laparotomia exploratória que constatou tumor irressecável. O resultado histopatológico demonstrou carcinoma pouco diferenciado sugestivo de tumor de Brenner maligno do ovário com estádio IIIC. Foi submetida à quimioterapia neoadjuvante com carboplatina e paclitaxel. Exame de imagem e quantificação de CA 125 revelaram regressão tumoral no período de 6 meses, porém o tratamento foi descontinuado devido a efeitos colaterais. A análise do tecido tumoral revelou mutação somática no gene BRCA2. Iniciada terapia-alvo com Olaparibe, interrompida após ressonância posterior demonstrar um aumento da massa e da ascite. Atualmente, faz uso de nova linha de quimioterapia com carboplatina e doxorrubicina lipossomal.
Resultados
Os tumores malignos de Brenner são extremamente raros e se caracterizam como um desafio diagnóstico, devido às suas semelhanças histológicas ao carcinoma urotelial, podendo facilmente serem confundidos. A partir de pesquisas prévias na literatura, foi encontrado apenas um caso de tumor maligno de Brenner com mutação patogênica no gene BRCA2. Tal aspecto, chama a atenção, também, devido ao histórico familiar de neoplasias em que a mutação patogênica nos genes BRCA1 e BRCA2 podem ser encontradas. Sabe-se que o principal tratamento é o cirúrgico e que a quimioterapia tem pouco sucesso em casos mais avançados. Apesar disso, o tratamento com a associação de carboplatina e paclitaxel mostrou-se eficaz, apesar do desenvolvimento de efeitos colaterais. Com o uso de Olaparibe, droga utilizada como terapia-alvo na inibição da PARP, esperava-se resposta ao tratamento, porém o tumor foi pouco responsivo ao medicamento.
Conclusões
Dessa maneira, o diagnóstico e o tratamento do tumor maligno de Brenner ainda são poucos elucidados, sendo uma barreira no prognóstico dos pacientes que possuem essa neoplasia. Além disso, a utilização de inibidor da PARP em tumor maligno de Brenner com mutação patogênica no gene BRCA2, nesse caso, não demonstrou resultados satisfatórios.
Fotos e tabelas
Palavras Chave
Tumor de Brenner; Carcinoma de ovário; BRCA1; BRCA2; Olaparibe; Câncer de ovário; Inibidor da PARP
Área
Tumores do ovário e peritônio
Instituições
Instituto Oncomed - Rio de Janeiro - Brasil, Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Lucas Gonçalves Carvalho, Vanessa de Campos Santos, Jenaine Rosa Godinho Emiliano, Rogério Martins de Oliveira, Rodrigo Oliveira Souto, Victor Marcondes Lopes dos Santos, Jamille Gonzaga Dutra