Dados do Trabalho


Título

MANEJO DE COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS EM PACIENTE BRCA1 MUTADA SUBMETIDA À MASTECTOMIA BILATERAL: RELATO DE CASO

Introdução

Diversas complicações pós-operatórias podem comprometer o resultado do tratamento cirúrgico de pacientes com câncer de mama, tanto emocionais quanto físicas, imediatas ou tardias. Os fatores que contribuem para o aumento do risco de complicações ou insatisfações cosméticas pós-operatórias incluem: comorbidades, idade, tabagismo, obesidade, o planejamento cirúrgico, quimioterapia ou radioterapia prévias e o treinamento da equipe cirúrgica.

Objetivo

Descrever o manejo de complicações pós-operatórias da mastectomia bilateral em paciente BRCA1 mutada.

Casuística

-

Método

K. M. L. F., 41 anos, feminino, G2P2A0, irmã portadora de câncer de mama aos 45 anos, obesa, compareceu em consulta a Hospital especializado da rede SUS (12/2018) com queixa de “caroço” em mama direita. Ao exame físico, observou-se nódulo em quadrante ínfero lateral da mama direita medindo 3,0 x 3,5cm e mama esquerda, axilas e fossas supra e infraclaviculares livres (T2N0M0). Foi submetida à biópsia, tratando-se de um carcinoma ductal invasivo, grau 3. Na IHQ tinhamos um tumor triplo negativo, com Ki67 80%. Realizou teste gênico revelando ser portadora de mutação germinativa patogênica do BRCA1. Foi submetida a quimioterapia neoadjuvante (4x AC-T), com resposta patológica completa e abordagem cirúrgica com mastectomia nipple sparing bilateral, com BLNS à direita (0/3) e reconstrução com prótese bilateral de 350 CC, com colocação retropeitoral. No pós-operatório de 30 dias evolui com celulite em todo o plastrão à direita e parte à esquerda. Foi acompanhada pela infectologia, iniciando-se tratamento com axetilcefuroxima. Na ausência de resposta, escalonou-se para amoxicilina + ácido clavulânico por 10 dias. Porém, houve persistência da infecção, optando-se em 04/2019 pela retirada da prótese da mama direita, desbridamento cirúrgico e reconstrução com expansor 350 CC. As culturas identificaram crescimento de Pseudomonas, sendo tratada com meropenem por 3 semanas. Desta forma, foi submetida em 29/10/2019 a nova cirurgia, com retirada de ambos os implantes e devido ao sofrimento vascular, retirada do CAP à direita, permanecendo em seguimento. Em 10/2021, foi submetida em hospital privado à reconstrução mamária bilateral com implantes de 500 CC à direita e 550 CC à esquerda e técnicas de lipoenxertia ao mesmo tempo. Evoluiu sem complicações, manifestando boa satisfação cosmética, e aguardando reconstrução do CAP a direita.

Resultados

A quimioterapia prévia e a obesidade são fatores que podem aumentar as taxas de complicações em paciente submetidas a cirurgia oncoplástica com ou sem colocação de implantes, porém não contraindicam oferecer a Cirurgia Oncoplástica nestes pacientes, mesmo naqueles portadores de mutação do gene BRCA1, onde temos benefício com a realização da cirurgia redutora de risco e reconstrução imediata.

Conclusões

A resolução clínica favorável, chegando-se até a reparação cosmética bilateral satisfatória, com técnicas de oncoplastia e refinamento com lipoenxertia ao mesmo tempo, demonstra a importância da discussão e acompanhamento dos casos com complicações por uma equipe multidisciplinar, em conjunto com cirurgiões da mama treinados, minimizando novas complicações e danos emocionais.

Fotos e tabelas

Referências

ANGARITA, F. A. et al. Does oncoplastic surgery increase immediate (30-day) postoperative complications? An analysis of the American College of Surgeons National Surgical Quality Improvement Program (ACS NSQIP) database. Breast Cancer Research and Treatment, v. 182, n. 2, p. 429–438, 25 maio 2020.
BERTOZZI, S. et al. Risk-Reducing Breast and Gynecological Surgery for BRCA Mutation Carriers: A Narrative Review. Journal of Clinical Medicine, v. 12, n. 4, p. 1422, 10 fev. 2023.
CITGEZ, B.; YIGIT, B.; BAS, S. Oncoplastic and Reconstructive Breast Surgery: A Comprehensive Review. Cureus, 31 jan. 2022.
‌ANGARITA, F. A. et al. Does oncoplastic surgery increase immediate (30-day) postoperative complications? An analysis of the American College of Surgeons National Surgical Quality Improvement Program (ACS NSQIP) database. Breast Cancer Research and Treatment, v. 182, n. 2, p. 429–438, 25 maio 2020.
STEVENS, D. L. et al. Practice Guidelines for the Diagnosis and Management of Skin and Soft-Tissue Infections. Clinical Infectious Diseases, v. 41, n. 10, p. 1373–1406, 15 nov. 2005.

Palavras Chave

Câncer de Mama; Oncoplastia; Câncer feminino; BRCA1; Mutações; Pós-operatório; Qualidade de vida;

Área

Cirurgia reparadora / Oncoplastia

Instituições

HOSPITAL ALDENORA BELLO - Maranhão - Brasil, UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO - Maranhão - Brasil

Autores

SOFIA ARRUDA CASTELO BRANCO SANTOS, Ludmylla Ellen Ferreira Freire, Laura Froes Nunes da Silva, Samuell Santos Ferreira, JOSÉ PEREIRA GUARÁ, Conceição De Maria Pedrozo e Silva de Azevedo, ANA GABRIELA CALDAS OLIVEIRA