Dados do Trabalho


Título

COMPREENDENDO O LINFOMA ANAPLÁSICO DE GRANDES CÉLULAS ASSOCIADO A IMPLANTES MAMÁRIOS

Introdução

O linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante de mama é uma neoplasia não Hodgkin resultante da proliferação clonal de células T. Reconhecido como um novo tipo de neoplasia pela Organização Mundial da Saúde em 2016, este apresenta relevante ascensão em sua incidência, sendo necessários estudos que visem reduzir sub-diagnósticos e orientar melhor manejo clínico.

Objetivo

Analisar estudos sobre a fisiopatologia, diagnóstico e tratamento do linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante de mama.

Casuística

Mulheres com linfoma anaplásico de grandes células associado ao implante de mama.

Método

Esta é uma revisão narrativa de literatura utilizando-se as bases de dados PubMed, Lilacs e SciElo, por meio do descritor “breast lymphoma AND breast implant” no título e resumo, entre 2015 a 2024. Obteve-se 42 estudos, com 8 obras excluídas por duplicação. Os demais artigos foram lidos na íntegra e 13 compõem o presente trabalho.

Resultados

Fisiopatologia: Esta ainda é incerta mas existem três possíveis componentes associativos. A inflamação crônica secundária a um corpo estranho advém do potencial imunogênico e pró-inflamatório do silicone nos implantes. Ademais, os implantes texturizados, intimamente associados a patologia, tem grande área de superfície e interface com relevo, proporcionando formação de biofilme bacteriano gram-negativo. As cirurgias de implantes mamários podem apresentar uma taxa de infecção entre 3 e 15%, não sendo compatível com a classificação ideal de limpas. Soma-se a predisposição genética, em especial a superexpressão de STAT3. De qualquer maneira, há o desenvolvimento de um seroma tardio ou, menos frequentemente, de uma massa. Diagnóstico: Tende a ocorrer entre 7 a 10 anos após o procedimento. No exame físico pode-se observar aumento do volume mamário, dor, assimetria, hiperemia local e raramente adenopatias. Inicia-se a investigação complementar com ultrassonografia mamária e axilar, objetivando ver a extensão do seroma, a massa capsular ou linfadenopatia regional. A ressonância magnética da mama ou PET/CT são indicadas para casos duvidosos e para avaliar invasão da parede torácica antes do tratamento cirúrgico. Se o achado tiver mais de 50ml, é indicada a punção por agulha fina, solicitando a citologia, a citometria de fluxo para caracterização dos linfócitos “T”, com pesquisa de imuno-histoquímica para CD30, ALK e outros marcadores. Em massa palpável pode-se realizar biópsia incisional ou core biópsia. Tratamento: Na doença local, pode ser necessário o conjunto de capsulectomia total em bloco para remoção do implante mamário, excisão da massa mamária com margens patológicas livres e de linfonodos suspeitos. Não existe uma abordagem padrão para o tratamento de pacientes em estágios mais avançados.

Conclusões

Essa neoplasia é de recente reconhecimento internacional, havendo desafios sobre a compreensão de sua fisiopatologia e o manejo clínico em casos avançados. É necessária a difusão de informações a seu respeito no meio médico visto o alto e crescente número de mulheres com implantes mamários.

Referências

1- RECHIA, GIANCARLO CERVO; AITA, VERÔNICA HAMANN. Desconforto mamário após mamoplastia de aumento: relato de caso. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 36, p. 334-338, 2022.
2- GARCÍA, Alejandra Mariel et al. Linfoma anaplásico de células grandes (lacg) asociado a implante mamario. Reporte de un caso y revisión de la literatura. Rev. argent. mastología, p. 9-18, 2017.
3- DE-AZAMBUJA, Ana Paula et al. Linfoma anaplásico de células grandes associado a implante mamários: um desafio diagnóstico. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 35, n. 1, p. 118-120, 2020.
4- MISAD, Carlos et al. Linfoma anaplásico de células grandes asociado a implantes mamarios diagnosticado mediante punción por aguja fina. Caso clínico. Revista médica de Chile, v. 148, n. 8, p. 1207-1212, 2020.
5- DA COSTA VIEIRA, René Aloisio et al. Multidisciplinary approach in the clinical and laboratory investigation of a suspected case for anaplastic lymphoma associated with breast prosthesis. Mastology, v. 30, p. 1-6, 2020
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7- PLUTA, Piotr et al. Breast implant-associated anaplastic large cell lymphoma (BIA-ALCL) in Poland: analysis of patient series and practical guidelines for breast surgeons. Archives of Medical Science: AMS, v. 19, n. 5, p. 1243, 2023.
8- EVREN, Sevan et al. Breast implant-associated anaplastic large cell lymphoma (ALCL): a case report. The American Journal of Case Reports, v. 18, p. 605, 2017.
9- STACHON, Henrique et al. Intraoperative Assessment of Endogenous Microbiota in the Breast. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 43, p. 759-764, 2021.
10- JAMES, Emily R.; MIRANDA, Roberto N.; TURNER, Suzanne D. Primary lymphomas of the breast: a review. JPRAS open, v. 32, p. 127-143, 2022.
11- REAL, Daniel Sundfeld Spiga; RESENDES, BEATRIZ SANT’ANA. Linfoma anaplásico de grandes células relacionado ao implante mamário: revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 34, p. 531-538, 2023.
12- SONAGLI, Marina et al. Linfoma anaplásico de células grandes associado a implante mamário na síndrome de li-fraumeni: revisão de literatura baseada em casos. Mastologia , v. 29, n. 4, pág. 203-207, 2019.
13- BATISTA, Bernardo Nogueira et al. Relato de caso de linfoma anaplásico de células grandes associado a implante mamário em paciente brasileira. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 32, n. 3, p. 445-449, 2017.

Palavras Chave

Implante mamário; linfoma anaplásico de grandes células; neoplasias mamárias.

Área

Tumores da mama

Instituições

Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Marcos Vinícius Aguado de Moraes, Jennifer Ferreira de Matos, Amanda Franzoi Motter, Mayara de Souza Tostes, Gabriel Barbieri da Silva, Giovanna Jurcunas de Oliveira Gaeta, Luciana Jandre Boechat Alves